Por: Raquel Ritter Longhi
Por um longo tempo, a ideia de “janelas” (Windows) marcou a cultura digital e o mundo dos computadores. Embora tenha sido mundialmente popularizada por Bill Gates, janela é muito mais do que Windows. Ao retomar “janelas” hoje, inevitável considerá-lo um termo “vintage” da cultura do computador: foi uma das primeiras características pensadas no conjunto das ideias sobre as interfaces gráficas de usuário, as famosas GUI, criadas pelo cientista Alan Kay, em 1972 no então Grupo de Pesquisa de Aprendizagem no recém- fundado Xerox PARC (Palo Alto Research Center). Ao lado de “pastas”, “menus” e “lixeiras” como representações de funções computacionais, as janelas e sua sobreposição na área de trabalho foram as primeiras metáforas para o que se considera o avanço mais importante na interatividade homem-computador.
Retomar a palavra como ideia vem de encontro a usar o seu potencial metafórico na forma como vemos o mundo: sim, porque da janela se vê o mundo, ou se vê o mundo passar; da janela também se fala; através de janelas, exploramos o universo e todas as coisas em nossas navegações – errantes ou não – pela rede. Pelas janelas, da mesma forma, nos mostramos, e procuramos conhecer o que ou quem se mostra também.
A janela pode ser nosso ponto de vista; nosso porto seguro; nosso local sagrado; nossa interface com o conhecido e o que ainda não conhecemos. E é nesse ir e vir – através de janelas em todas as suas formas – que acontecemos. Pelas janelas, criamos. Somos. Existimos.