Jéssica Gonçalves
Mestranda no POSJOR/UFSC e pesquisadora do Nephi-Jor

O jornalismo ao longo do seu percurso histórico lidou e absorveu os vários avanços tecnológicos que a sociedade promoveu. Hoje o cenário não é diferente, os profissionais da área vivem em constante luta para manter os produtos jornalísticos atuais e relevantes.

Nos últimos anos, o crescimento dos sites de redes sociais mudou a relação das pessoas  com as notícias.  Diante disso, autores consagrados, como Raquel Recuero, buscam teorizar a relação entre redes sociais e jornalismo. Segundo a autora, estes sites podem ser utilizados como fontes produtoras de informação, como filtros de informações ou como espaços de reverberação dessas informações.  Com o número cada vez maior de usuários, esses espaços sociais tem potencial para atuarem de outras maneiras ao lado do jornalismo.

Entretanto, o cenário que tem ganhado notoriedade é o de receio, no qual os produtores de notícias temem perder espaço diante dessas novas tecnologias. Pesquisas publicadas com pouca contextualização, como da agência de notícias norte-americana Quartz (2015) que divulgou o ranking mundial dos países que mais consomem notícias por meio do Facebook, maior redes social da internet.

Ranking Quartz (2015)

Ranking Quartz (2015)

No ranking o Brasil é o país que mais busca informação prioritariamente nesta rede social. Ao todo 67% dos brasileiros ativos no Facebook se informam pela plataforma.

Olhando assim parece um número alarmante, visto que o Facebook não é um site produtor de conteúdo. Porém a pesquisa e os sites que a reproduziram esqueceram de contextualizar esse número. Segundo a Pesquisa Brasileira de Mídia 2015, 48% da população nacional tem acesso à internet. Já a pesquisa do Núcleo de Estudos e Opinião Pública (NEOP) da Fundação Perseu Abramo, feita em 2013, mostrou que 38,4% dos brasileiros com acesso à internet (na época 43% da população) afirmaram usar o Facebook. Desta forma, segundo estes dados, 16,15% dos brasileiros usam o site.

Um número bem menor do que os alarmantes 67% que causaram furor nas redes sociais quando divulgados.  Este exemplo foi escolhido para elucidar a necessidade de se compreender o fenômeno das redes sociais e pensar perspectivas para o futuro do Jornalismo como fonte de informação.

*”Janelas” é uma seção quinzenal do site do Nephi-Jor, em que os pesquisadores do núcleo têm espaço para publicar ideias e comentários sobre temas ligados à hipermídia e linguagem.

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