Ana Paula Bourscheid
Mestranda do POSJOR/UFSC e pesquisadora do Nephi-Jor

Os jogos eletrônicos atraem a atenção do público desde a década de 1970. O sucesso dos games que começaram com jogos como Telejogo, Atari, Odyssei, Megadrive, Nintendo e Game Boy, avançaram em termos gráficos e de público. Dados divulgados pelo instituto New Zoo apontam que em 2014 o Brasil se destacou como o maior mercado de jogadores de videogames entre os países da América Latina, já no ranking mundial ficou em 11º lugar.

É a partir do uso dos recursos que os videogames oferecem que surgem os newsgames. A iniciativa se tornou conhecida através do trabalho desenvolvido pelo designer uruguaio Gonzalo Frasca, que criou em 2003 o jogo September 12th que tratava do combate aos terroristas muçulmanos após os ataques às torres gêmeas, ocorrido em 11 de setembro de 2001, em Nova York (EUA).

Com base na iniciativa de Frasca, veículos de comunicação como os jornais The New York Times e El País passaram a criar e publicar newsgames em seus sites. No Brasil, os newsgames começaram a ser adotados nas redações entre os anos de 2006 e 2007. Neste período, o portal de notícias G1 lançou em seu site o jogo Nanopops, que tinha como temática central a política internacional.

Em 2011 a Superinteressante criou uma equipe voltada especialmente para a produção de newsgames. A revista lançou os jogos: CSI: ciência conta o crime, onde o jogador é um agente criminal que precisa desvendar um misterioso crime; O jogo da máfia, que trata da atuação das máfias em todos os continentes; e o Filosofighters, uma batalha de ideias entre nove renomados filósofos.

A grande oportunidade que os newsgames proporcionam ao jornalismo é a possibilidade de aliar a informação jornalística com o aspecto lúdico do jogo. A criação e publicação de newsgames vêm conquistando cada vez mais espaço no cenário jornalístico brasileiro, exemplo disso é o uso seu como componente da grande reportagem multimídia.

O especial Muro de Berlim 25 anos, publicado no site da revista Galileu em setembro de 2014, trata do aniversário da queda do muro que dividia a Alemanha entre lados, capitalista e socialista. A grande reportagem multimídia conta com três partes: a linha do tempo, que relembra fatos que marcaram a história do muro de Berlim; o newsgame Pule o muro, que desafia o leitor/jogador a atravessar o muro; e depoimentos em vídeo, espaço em que personagens alemães relembram fatos relacionados ao período em que o muro estava ativo.

A ideia do newsgame Pule o muro é fazer o leitor/jogador compreender as dificuldades enfrentadas por quem tentava cruzar o muro de Berlim, além de informar no final do jogo sobre o número real de pessoas que morreram tentando a travessia.

 

*“Janelas” é uma seção quinzenal do site do Nephi-Jor, em que os pesquisadores do núcleo têm espaço para publicar ideias e comentários sobre temas ligados à hipermídia e linguagem.

 

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